30.10.06

O Rio Grande está de luto...

Na noite de ontem fui surpreendido quando o Rafael me contou que David Camargo, o melhor ator-mendigo já visto nas telas, tinha falecido no sábado. Pior que já tinha convidado o David para estrelar a nossa próxima produção em vídeo... Bem, agora vocês entendem porque as coisas não podem ser adiadas eternamente.

Abaixo, o obituário de Zero Hora, edição de 30/10/2006:

David Camargo

+ 28/10/2006


O corpo do ator David Camargo foi enterrado às 10h de ontem no Cemitério João XXIII, em Porto Alegre. Considerado uma das figuras mais queridas da cena cultural gaúcha, o ator morreu na manhã de sábado.

Aos 73 anos, Camargo havia sido internado devido a uma indisposição, no dia 23, no Hospital Ernesto Dornelles, e um exame revelou um tumor no fígado.

Nascido em Itaqui, farmacêutico e bioquímico por formação, David Benjamim Camargo da Silva se tornou conhecido como ator de teatro e cinema e divulgador de eventos culturais. A vocação para a interpretação foi revelada a partir dos sete anos, em peças na escola. Já estudando em Porto Alegre, estreou profissionalmente como ator em 1955, na montagem do espetáculo Nossa Cidade, de Thornton Wilder.

Seu primeiro trabalho no cinema foi em 1961, no curta O Último Golpe, de João Carlos Caldasso, no papel de gângster. Anos mais tarde, fez parte do elenco de Coração de Luto, primeiro filme de Teixeirinha.

Solteiro e sem filhos, participou de cerca de 60 filmes, das realizações mais profissionais aos primeiros trabalhos de jovens estudantes. Camargo ganhou mais de 30 prêmios, muitos deles no Festival de Cinema de Gramado, no qual foi presença constante tanto nas produções em Super-8 que alavancaram o desenvolvimento do cinema gaúcho nos anos 1980 quanto nas recentes mostras de trabalhos universitários – em 1998, ele ganhou um Kikito especial pelo conjunto da obra.

Camargo dizia trabalhar como ator quase por diletantismo (“Dá para contar nos dedos os cachês que eu recebi no cinema”). Até se aposentar, complementava a renda como representante de laboratório farmacêutico e modelo vivo para estudantes de arte, entre outras ocupações. Sua paixão era representar, sem se importar muito com o papel. Gostava de lembrar que em peças, filmes e autos de Natal já havia feio de tudo: foi José, Judas, Pedro e até o bom ladrão.

– Gostaria de fazer Herodes, Caifás, Pilatos. Mas Jesus, jamais! Não tenho altura, muito menos cara – brincava.

Seu último trabalho foi na comédia Sonhei e Acordei, vídeo de Vilnei Kohls, cujo lançamento será em 8 de dezembro, na Casa de Cultura Mario Quintana, na Capital. Na ocasião, deverá ser feita uma homenagem a Camargo.

Um comentário:

Artesanatos Loy - Flores de fitas em cetim disse...

Querido David Camargo, descanse em Paz, sempre vou lebrar de você, nos três anos e meio que vivi na CEUACA (Casa de Estudantes Aparício Cora de Alemeida) era ele quem entregava as cartas, sempre brincávamos com ele,e em toda festa da Casa ele apresnetava o seu monólogo...
Tu vai deixar saudade.